domingo, 10 de agosto de 2014

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Terminamos. Mas como o amor nem sempre é justo, as relações foram rasgadas em partes desiguais. Eu fiquei com praticamente tudo, e você escapou ileso. Você sutilmente sorriu quando disse adeus, e o adeus me arrancou o sorriso da face. Me anulou por inteira. Quando você me deu as costas e partiu, foi como se todo o tempo que passamos juntos tivesse virado areia de repente. Minha palma mais apertada não reteve um grão sequer - escorreu tudo asperamente por entre os dedos. Comigo só restaram seus olhos, emaranhados nos seus cabelos, embalados no seu cheiro, registrados nas fotografias, guardados dentro deste peito oco que eu tanto quero me desfazer agora.
Neste momento, você já deve ter chegado em casa e largado os sapatos em algum canto. Deve estar deitado, submerso em alívio. Esta noite meu corpo agônico se ergue sobre um caixote na rua e grita a plenos pulmões esgotados, porque eu amei, mas você não amou por mim.

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