quinta-feira, 12 de setembro de 2013

O Muro

(Caminhaste tranquila até o fim.)

Teu corpo agora é parte
de um muro extenso, grosso e mortificado.
És agora tijolo cobreado
que desmancha-se num ponto de fusão,
e a sua alma soa.
A ausência marca teus olhos secos,
teus ossos calcificados,
teus dentes pardos,
teus seios murchos,
teu corpo perfurado.

(O que evapora atravessa o muro.)

Agora um nome lhe caracteriza
e o amor cinge-lhe os ombros.
A terra já não é mais teu firmamento
e o Sol arde com fulgor.
Do outro lado não tremes em sofrimento.
Do outro lado há descanso para teu corpo sofredor.
Do outro lado és escultura de brilhantes.
Do outro lado és alvura eternamente.
Do outro lado executas incansavelmente
a anunciação de uma nova partitura divina.

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